17 julho 2007

Fulvo, marinho,
submarino.
E de tanto ser rio
o teu cabelo perde-se
no mar aberto, na planície
atlântica que subitamente termina
nas falésias, desfazendo-se em ondas,
ou num areal quente
de tanto esperar pelo sol.

Lisa, recôndita, a tua pele
é um refúgio de aroma breve,
imperfeito,
um espelho de sal que apetece
percorrer com os lábios e a língua,
morder o fruto, saciar
todo o verão no sal da tua pele.

As noites são tantas ainda...
Post Scriptum quase fugaz


(a curva de luz que hoje vi
nascer foi um sopro de sol,
um último fechar de olhos,
uma lágrima que desce sozinha
até à minha boca).

Quase que te senti abrir os
olhos esta manhã.

12 julho 2007

Cala-te, a luz arde entre os lábios
e o amor não contempla, sempre
o amor procura, tacteia no escuro,
esta perna é tua?, é teu este braço?,
subo por ti de ramo em ramo,
respiro rente à tua boca,
abre-se a alma à língua, morreria
agora se mo pedisses, dorme,
nunca o amor foi fácil, nunca,
também a terra morre.

Eugénio de Andrade