22 outubro 2007

Noite

Diz-me o que pensas
De seres tão escura,
Ó Noite,
E de o mar ser tão fundo
Que nenhum som debaixo
Das ondas existe; E de veres
O sol pôr-se do outro lado
Do mundo, depois do mar,
E nunca o veres.

Diz-me, Noite, o porquê
De as palavras me ficarem
Pela metade, pela metade do caminho,
Eu não sei o que mais dizer
E disse tão pouco do que tinha
Para escrever.
Diz-me porque me doem
Nos olhos, na boca, na pele
As aves que sobem
E fogem
Das minhas mãos,.
Noite, eu nunca as fechei
E as janelas,
Essas estão de par em par abertas.
Diz-me, noite, o porquê
De as ruas nunca estarem desertas
Quando ela passa para eu saltar
Da janela
E fundo mergulhar
Nos olhos dela,
Cinzentos
Com um bocadinho de mar.

Essa a razão porque gritei.
Se puder, noite, deito-me
Sozinho em cima das nuvens.
A luz não escolhe
Quem quer resgatar da sombra.

Diz-me o que pensas
E eu dir-te-ei quem és.
Ó Noite tão escura.

4 comentários:

Diogo Vaz Pinto disse...

muito bonito, Nuno

. disse...

olá vizinho:P

gosto tomui de poemas inspirados na noite, ela é tão enigmática...

o teu poema está *****

inté

. disse...

tomui= muito

(mas tomui não ficava mal)

Nuno disse...

ehehe eu gostei de tomui... :D
fez-me lembrar que não estou só na minha "clumsyness" :p e que, no fundo, não estou assim tão sozinho como me tenho sentido...

enfim, oh rosa.