24 dezembro 2007

Peço-te, fica mais um pouco, não me deixes,
demora-te, deixa ao menos um cabelo
no meu peito, é uma pena teres de partir,
o frio não espera, tens nas mãos as armas
do desejo, o teu corpo nu, o cabelo pelas costas
sacode chicote o ar à tua volta
preso o fogo o grito saudade
tu não me ouves, o meu cachecol comprido
as minhas luvas
o meu sémen dentro de ti,
peço-te, fica mais um pouco, não me deixes,
deixa cair o meu cachecol, deixa-o deslizar
pelo teu pescoço, sinuoso perfil
cinzel mármore escultor,
eu quero beber essa água beijos saliva perfume
pelo cálice do teu sexo aveludado,
não há estepe azul ou dourada
não há claridade do vento do deserto
toda a serenidade está no teu colo,
na altitude de duas suaves colinas,
peço-te, leva-me contigo
a ver o teu corpo nu deitado
nos meus lençóis, a cama está fria,
leva-me a ver o teu corpo de guitarra, peço-te,
deixa que o destrua e queime
apenas uma vez
dormirei depois coberto pelas tuas cinzas,
deixa ao menos um cabelo no meu peito.
Peço-te.

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