08 janeiro 2007

Um silêncio...

Um silêncio onde a palavra nasce,

um vento que chega da sílaba marcada

nos teus lábios, percorre as tuas frases,

atinge o fogo e a água lá fora, vai aos

tímpanos que estremecem e vibram,

e a sílaba preenche o ar,

milagre acústico de eu te ouvir

falar.

05 janeiro 2007

O século do mar


Era o século do mar já posto,
o décimo quinto da era em que nascemos,
por terras de portugal caravelas desciam
até ao tejo,
e choravam-nas as mães e as mulheres
e os amores, juntavam suas lágrimas
às do rio que as levava,
e as engolia o mar oceano.

Era o século do mar já posto,
quinze naus quinze mares percorridos
em distância, quinze sonhos tombavam
das ondas nas praias de portugal
à beira de uma geração.
E o poema nasceu de olhar perdido
naquele fim de mar,
que é princípio de terra
princípio de sonho e sonho antigo.

E era o século do mar acabado,
vera cruz o tomou nos braços irmãos,
terra de verde e de lama
e todas as cores. E dos rios
que são mar, e do mar que foi a nossa
gente e as lágrimas que nele vão.
Foi o século do mar a sepultar,
segredo de sal e maresia que acabou.

E vão as caravelas esquecer-se
das lágrimas que não tiveram lugar
portugal cumpriu-se com o
século do mar.