11 maio 2007

allegro ma non troppo

É um silêncio apátrida,
o poeta sofre sem chão,
as paredes ruiram, o tecto desabou,
o silêncio permanece
tão escuro, massa de ar frio,
e as lágrimas caem no papel
que só fala quando lhe escrevem
em cima, o ofício do poeta
é o desencontro, o vazio,
a palavra trabalhada, as mãos
que interminavelmente vão beber
um choro angustiado,
o orvalho e as giestas,
o mar teus olhos tão verdes,
e de novo o silêncio, ou
este ar tão pesado, ofegante,
pedra cintilante, ou o teu sorriso,
allegro ma non troppo.

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