03 outubro 2007

Não conheço uma palavra
do que disse a boca

que de noite falou
e disse, À beira da morte
todos escurecem.

Não conheço, sei que a noite
é tanta que não chega
para na noite, ela própria,
caber, e fazer dormir

os olhos tão claros.
Que neles a luz existe.

Eu não sei
que vem a luz fazer
a este quarto esta cama
entrar por esta janela,

que a noite basta porém
para nela se escrever
o canto e o gelo,
funestíssima dor
de um dia escuro que passou,

a dor de nunca ser,
e não poder saber
o que vem afinal a luz
aqui fazer.