Há um abraço na noite muitos abraços.
na rua na noite na rua de todas as esquinas.
há um abraço eu sei mas há também
uma rua que torta se deita pela noite
e nela descansa os seus cansados braços
e em todas as noites há um abraço
esse mesmo, aquele que trazes aos ombros
aquele que eu procurava na noite
de todos os abraços.
"Tudo era claro, jovem, alado. O mar estava perto. Puríssimo. Doirado." - Eugénio de Andrade
30 abril 2011
21 abril 2011
16 abril 2011
Abril
eu conheço muito bem
essa tua sede
de muitos cravos vermelhos
arrancados do chão
eu conheço a tua sede
de ventos levantes
que dominam a tarde
e sobem pelas colinas.
ainda é cedo, descansa,
para matares a tua sede,
há ainda toda a distância
que inventámos,
um país inteiro
com um chão de trigo
pinheiros
planície
aluvião.
ainda é cedo, não bebas já
toda a tua sede,
porque
os cravos serão as tuas
próprias mãos
abertas
vermelhas
livres.
essa tua sede
de muitos cravos vermelhos
arrancados do chão
eu conheço a tua sede
de ventos levantes
que dominam a tarde
e sobem pelas colinas.
ainda é cedo, descansa,
para matares a tua sede,
há ainda toda a distância
que inventámos,
um país inteiro
com um chão de trigo
pinheiros
planície
aluvião.
ainda é cedo, não bebas já
toda a tua sede,
porque
os cravos serão as tuas
próprias mãos
abertas
vermelhas
livres.
Soljenitsyn
Sê dono apenas
do que podes
transportar contigo;
Conhece línguas, conhece países,
conhece pessoas.
Deixa que a tua memória
seja o teu saco
de viagem.
Alexander Soljenitsyn.
Preserve your memories, they're all that's left you...
do que podes
transportar contigo;
Conhece línguas, conhece países,
conhece pessoas.
Deixa que a tua memória
seja o teu saco
de viagem.
Alexander Soljenitsyn.
Preserve your memories, they're all that's left you...
13 abril 2011
Ode à noite
da insónia conheço apenas
a distância
e a dor
que é percorrê-la.
não tem rosto, porque a recebemos
no escuro.
não tem mãos, porque apodera-nos
a solidão.
da insónia conheço também
o desespero, a lívida cor
de estar, simplesmente.
simplesmente
existir e viajar pela noite
por um quarto onde descansar.
barato e junto à estrada.
a distância
e a dor
que é percorrê-la.
não tem rosto, porque a recebemos
no escuro.
não tem mãos, porque apodera-nos
a solidão.
da insónia conheço também
o desespero, a lívida cor
de estar, simplesmente.
simplesmente
existir e viajar pela noite
por um quarto onde descansar.
barato e junto à estrada.
12 abril 2011
i am not sorry when sun and rain make april
i am a little church(no great cathedral)
far from the splendor and squalor of hurrying cities
-i do not worry if briefer days grow briefest,
i am not sorry when sun and rain make april
my life is the life of the reaper and the sower;
my prayers are prayers of earth's own clumsily striving
(finding and losing and laughing and crying)children
whose any sadness or joy is my grief or my gladness
around me surges a miracle of unceasing
birth and glory and death and resurrection:
over my sleeping self float flaming symbols
of hope,and i wake to a perfect patience of mountains
i am a little church(far from the frantic
world with its rapture and anguish)at peace with nature
-i do not worry if longer nights grow longest;
i am not sorry when silence becomes singing
winter by spring,i lift my diminutive spire to
merciful Him Whose only now is forever:
standing erect in the deathless truth of His presence
(welcoming humbly His light and proudly His darkness)
e. e. cummings
11 abril 2011
é impossivel inventar
um chão que te engula
um telefone que te cante
boas notícias
finalmente.
é urgente que encontres
um novo grito,
um novo espaço, cruel e frio
onde deites as tuas costas
e te sepultes com o teu
silêncio.
Risca depressa uma ave no céu
que te acompanhe,
mil novecentos e oitenta foi apenas
ontem, desenha
muitas estrelas que sorriam
a quem tens ao lado
e trazes sempre pela mão.
Como é impossível
a distância entre
duas margens. Como
é impossível a distância
entre o trigo e os penedos.
É essa a existência provável
dos castelos.
um chão que te engula
um telefone que te cante
boas notícias
finalmente.
é urgente que encontres
um novo grito,
um novo espaço, cruel e frio
onde deites as tuas costas
e te sepultes com o teu
silêncio.
Risca depressa uma ave no céu
que te acompanhe,
mil novecentos e oitenta foi apenas
ontem, desenha
muitas estrelas que sorriam
a quem tens ao lado
e trazes sempre pela mão.
Como é impossível
a distância entre
duas margens. Como
é impossível a distância
entre o trigo e os penedos.
É essa a existência provável
dos castelos.
09 abril 2011
Alentejo
Eu aguardo nas colinas
a invenção do território
e da distância.
Acalma-se por fim o chão,
deitam-se as serras, chega então a planície
e com ela a invenção da distância.
As colinas contemplam
a hipótese do fogo,
o arado da terra
são as botas dos soldados
e no entanto
está tudo bem,
está tudo bem
Luísa e os outros
Nas tuas mãos, Luísa, eu vejo
os dedos com que devoras a fruta
e as palavras inteiras onde
a verdade e o erro
o tempo e a espada
são filhos de uma primaveril
reabilitação do corpo.
Está tudo bem Luísa
e os outros: com duas mãos
e bom trigo se faz um pão.
Agora senta-te, traz um queijo
e conversa comigo.
a invenção do território
e da distância.
Acalma-se por fim o chão,
deitam-se as serras, chega então a planície
e com ela a invenção da distância.
As colinas contemplam
a hipótese do fogo,
o arado da terra
são as botas dos soldados
e no entanto
está tudo bem,
está tudo bem
Luísa e os outros
Nas tuas mãos, Luísa, eu vejo
os dedos com que devoras a fruta
e as palavras inteiras onde
a verdade e o erro
o tempo e a espada
são filhos de uma primaveril
reabilitação do corpo.
Está tudo bem Luísa
e os outros: com duas mãos
e bom trigo se faz um pão.
Agora senta-te, traz um queijo
e conversa comigo.
Subscrever:
Mensagens (Atom)