26 outubro 2011

Pergunto-me que sou quem és
eu tu isto porque um dia confundiste-te comigo
falavas como eu dormias,
dei por mim a escalar-te dor magra colina
e pergunto ainda quem sou quem és
houve tempo em que realmente não sabia
não mo dizias e não me disseste ainda
deves já ter reparado que to pergunto sempre
e não a mais ninguém quem sou quem és
talvez às vezes eu apenas outras vezes todos
não esses, que não existem, mas também tu
certas noites - essas onde não entramos -
já lá estão outros iguais a nós
os mesmos cabelos mas um pouco despenteados
e a noite só à espera entrelaçando os dedos
e certa vez tanto esperou que se esqueceu de sair
- esquerda alta - e como se esqueceu de sair lá ficámos
mais um pouco - procissão - ainda sem saber
quem sou eu quem és tu, se diferentes somos,
a protagonizar incêndios azuis.
Há lugares que estão nos antípodas
por exemplo novembro
por exemplo junho
-- a chuva que cai pesadamente nos cabelos
-- os pêssegos solares que anunciam o verão

Há lugares cinzentos brancos
ninguém sabe que cor têm os dias
mas todos concordam
que há músicas que são a cor azul
(punhal da tua luz)
há dias que são como certas árvores
-- tudo secam ao redor numa lenta
desidratação do pensamento.

Há nesses dias uma falta de pontes
sobre os braços compridos dos rios
por isso passamos todos impávidos
defronte da pessoa que podíamos ter sido.