25 fevereiro 2007

Os limites do mar

Entre o teu peito
é que as ondas voltam de novo
e desaparecem nas falésias.

Entre os teus olhos
é que descubro os meus.
E vê se tens neles um espelho
onde te vejas, onde te encontres
de onde nunca saíste, nó cego de marinheiro,
amurada segura onde te apoiasses.

Os limites do mar foram teus.

20 fevereiro 2007


Passou pelas águas,
ali, entre dois salgueiros,
onde a água cai sobre as pedras.

Primeira luz fria da manhã.

18 fevereiro 2007

Gostavas de ficar alguns minutos a olhar o verde do céu, depois o azul, o cinzento, um dia destes acordaste e viste-o branco, no outro dia anoiteceu pintado de laranja claro, e foi um sonho que tiveste, não sei e não sabes se por causa da cor do céu, se por causa dessa lua que te chamava. Sonhaste que ela vinha também, não a lua, mas uma voz que tinha uma boca, uma boca que tinha um rosto, rosto esse que tinha um cabelo e pescoço, um cabelo e pescoço que tinham ombros, esses ombros e cabelo de que falo e que eu tanto quero tinham um peito onde cair, esse peito que falo e que também quero tinha uma cintura, essa cintura, acaso os teus olhos desviam para lá o olhar (secretamente), não termina nunca, mas logo logo começam as pernas, sem que disso te apercebas, brancas de marfim, e essa voz que tinha um corpo era ela, era um corpo que tinha uma voz, uma música, um embalo onde te pudesses sentar e ver as cores do céu passar, não sozinho nem adormecido já, mas junto a esse corpo que tem uma voz, a essa voz que tem um corpo. O teu.