Nas fronteiras os homens esperam ao frio,
Os ombros gelam como pedras,
O granito enterra
Os braços fundo no ventre da serra,
O aroma da turfa preenche o ar,
A respiração condensa debaixo do nariz,
E os guerreiros ferem com as lanças
E as espadas o céu, o sangue não escorre
Ainda pelo granito, pouco faltará,
Ninguém se atreve a dar o primeiro grito,
Quanto mais o primeiro passo,
As pinturas de guerra são a transfiguração
Da dor e do medo, um cavalo basta
Que venha a correr, pesado e escuro
E ferido na barriga pelas esporas
De um guerreiro para responder ao desafio
Que veio do lado oposto da colina,
O vale ecoa em gritos e urros e cortes
De espada e faca,
Nas fronteiras os homens morrem ao frio
E os ombros tombam nas pedras,
Os corpos desfeitos vão a enterrar
No granito da serra.
"Tudo era claro, jovem, alado. O mar estava perto. Puríssimo. Doirado." - Eugénio de Andrade
14 dezembro 2007
Arte
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2 comentários:
uau...
um quadro?
sim! ...conheces algum pintor que o pinte? :D
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