Eu tenho toda a fome
e tenho toda a sede,
que o calor não cabe neste corpo,
a luz passa por mim ténue e vaga
como a poesia,
os versos não me habitam,
as musas não me visitam.
Eu tenho toda a solidão (desilusão)
e tenho todo o fracasso,
eu queria que tu aparecesses
na crina de um cavalo
com um vestido de verão
e pelas giestas,
indistinto marulhar,
murmúrio de dor,
é tempo de o sol chegar
ao silêncio negro
dos penedos e das serras
(sem passos que as pisem)
dourar de verde as terras
e as águas frescas do paiva,
mas ele (tu) tarda (tardas),
tu que me olhas
-que eu sei que sim -
defronte da minha janela,
deixa que fique em ti
como a multidão de aves em baixo,
namorando o Mondego.
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