Diz-me o que pensas
De seres tão escura,
Ó Noite,
E de o mar ser tão fundo
Que nenhum som debaixo
Das ondas existe; E de veres
O sol pôr-se do outro lado
Do mundo, depois do mar,
E nunca o veres.
De as palavras me ficarem
Pela metade, pela metade do caminho,
Eu não sei o que mais dizer
E disse tão pouco do que tinha
Para escrever.
Diz-me porque me doem
Nos olhos, na boca, na pele
As aves que sobem
E fogem
Das minhas mãos,.
Noite, eu nunca as fechei
E as janelas,
Essas estão de par em par abertas.
Diz-me, noite, o porquê
De as ruas nunca estarem desertas
Quando ela passa para eu saltar
Da janela
E fundo mergulhar
Nos olhos dela,
Cinzentos
Com um bocadinho de mar.
Essa a razão porque gritei.
Se puder, noite, deito-me
Sozinho em cima das nuvens.
A luz não escolhe
Quem quer resgatar da sombra.
E eu dir-te-ei quem és.
Ó Noite tão escura.
4 comentários:
muito bonito, Nuno
olá vizinho:P
gosto tomui de poemas inspirados na noite, ela é tão enigmática...
o teu poema está *****
inté
tomui= muito
(mas tomui não ficava mal)
ehehe eu gostei de tomui... :D
fez-me lembrar que não estou só na minha "clumsyness" :p e que, no fundo, não estou assim tão sozinho como me tenho sentido...
enfim, oh rosa.
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